A crise interna do partido socialista não o deixa com a
popularidade que talvez é esperada numa oposição que demonstra estar pronta -
talvez até demais - para assumir o comando do país. Com duas figuras a disputar
o cargo de líder, o PS terá seguramente, perdão, certamente um líder para assumir
o cargo de primeiro-ministro quando ganhar as próximas eleições legislativas. E,
apesar de nestes dias o ambiente dentro do partido não ser o melhor, continua a
deter a principal intenção de voto dos portugueses, segundo as sondagens. Neste
momento podemos dizer que temos uma coligação no governo e uma espécie de
coligação no principal partido da oposição. Temos num lado os apoiantes de
António José Seguro e, do outro, os de António Costa. Podemos pensar que um
partido que não consegue resolver os seus próprios problemas, não conseguirá
porventura governar uma coisa singelamente maior como Portugal. Podemos ainda
fazer o raciocínio inverso e pensar que, num partido com tanta gente disponível
a liderar, só pode correr bem! António Costa deixou, ainda que de uma forma implícita,
que está impaciente para “comandar o barco” quando tentou alterar os estatutos
do partido, para que assim se pudessem realizar eleições internas
extraordinárias. Diria apenas que, um candidato que tenta alterar as regras a
meio do jogo, para além de por em cansa a credibilidade do partido, também põem
em causa os seus ideais democráticos. Afinal de contas, os estatutos de um
partido são a constituição dessa mesma instituição partidária, e, se podem ser
passados por cima assim tão facilmente, nada nos garante que outros códigos que
regem na atualidade, não possam ser também alterados de hoje para amanhã. O presidente
da Câmara de Lisboa precisa de uma consulta no Santa Maria? Alterasse a
constituição portuguesa para que António Costa possa beneficiar com isso. Qual
o candidato que apoiarei? Não me sinto seguro para virar as costas, quer a um,
quer a outro…