Este
ano tornamo-nos mais e mais fortes. Associamo-nos para nos afirmarmos
culturalmente através do nosso dialeto unificado. Este ano, fizemos do
português uma língua coesa que é cada vez mais aprendida com vista ao
investimento em países de língua oficial portuguesa. Com a entrada da Guiné
Equatorial, não só alargamos esta comunidade da qual fazemos parte, como também
quebramos alguns preconceitos. Afinal de contas, o principal requisito para ser
membro da comunidade de países de língua portuguesa, é, o uso corrente do
português. Historicamente, a Guine Equatorial tem fortes ligações a Portugal
uma vez que já foi uma colônia portuguesa e pela sua proximidade com os PALOP.
E ainda que a 3ª língua oficial da Guiné Equatorial seja o português, não se
fala português na Guiné Equatorial. Existe sim, uma linguagem crioulo
resultante da junção do português com linguagens locais. Bem, sobre o facto de
não se falar português na Guiné Equatorial, poder-se-á usar o argumento que,
nos outros membros da CPLP também não se fala lá muito bem português. Mas,
parece que a entrada na Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua
Portuguesa ainda interessa menos aos portugueses do que a eleição de Marinho
Pinto como deputado do parlamento europeu. Enquanto uns países tentam entrar
numa comunidade, outros vêm-se confrontados com os prós e os contras de
pertencerem a uma. Por essa Europa fora, para além de ligas de futebol,
espetáculos televisivos ou competições de ciclismo, a maior competição da
atualidade, são as percentagens de abstenção em eleições europeias. De 5 em 5
anos lá são os portugueses chamados às ornas. O sentimento para com as eleições
europeias é semelhante ao para com aquele objetivo inalcançável. Uma utopia,
tal como é encarada atualmente a união europeia por muitos céticos. Numa altura
em que as decisões europeias nos afetam cada vez mais, a Europa vê-se
confrontada com uma falta de interesse um pouco por toda a união. O interesse
da Guiné Equatorial pela adesão à CPLP muito pouco tem que ver com a necessidade
de aprendizagem da língua portuguesa. A necessidade de conquistar a confiança
do estrangeiro e de estabelecer parcerias estratégicas são, sem dúvida, as
principais razões. Entre a entrada de um país com um regime ditatorial
considerado dos mais rijos do mundo para a CPLP e a enorme taxa de abstenção
nas eleições europeias, apenas posso dizer que ambos me preocupam. Por um lado,
a CPLP perde a credibilidade com um membro de pleno direito como a Guiné
Equatorial, por outro, a abstenção destaca o emergir de partidos de estrema
direita. Não deixa de ser irônico serem eleitos tantos euro-céticos quando
estes deputados são assumidamente contra a união. Se aqueles que não acreditam
num projeto europeu são aqueles que continuam a ir votar, contrariando a tendência
geral, a coisa está preta!