Papa Pop

Desde a sua consagração que o Papa Francisco tem vindo a conquistar a admiração de uma vasta multidão, quer a fiel à sua doutrina quer a dos demais fiéis a outras e até a daqueles que não se dizem seguidores de coisa nenhuma para além do Instagram da Rita Pereira ou do Twitter da Katy Perry. Há que louvar a popularidade de uma pessoa como o Papa Francisco principalmente pelo cariz da sua popularidade. É de notar que, não sendo ele um jovem cantor que faz tornes pelo mundo ou uma qualquer estrela do cinema, obtenha um mérito semelhante. Infelizmente os velhos são desprezados da vida afamada e influente do mundo. É esperado que a partir de uma certa idade se seja ou comentador político ou futebolístico ou então escritor de opinião numa coluna num semanário ou ainda um velho ex-político ao qual já não se dá o mínimo de credibilidade. Na generalidade, não é atribuído aos mais velhos uma grande importância, o que, na maioria das vezes é de lamentar.
Divergindo desde logo da tendência geral por ter uma grande influência no mundo, o Papa Francisco já tem ditado mudanças significativas na igreja católica – considerando a quase imutabilidade da mesma nas últimas décadas. Na prática este Papa não mudou muito, mas numa igreja com ideias fixistas, qualquer pequenina mudança parece todo um novo conceito! O Papa Francisco é uma espécie de Violetta da igreja. Uma figura que aparece numa altura em que os escândalos na igreja, a vários níveis, estavam a afastar os crentes. O Vaticano precisava de uma lufada de ar fresco e de uma imagem renovada para voltar a conquistar a confiança dos crentes desacreditados. Os outros Papas eram capazes de dizer redundantemente “Não!” à ordenação das mulheres, este diz “Não, no entanto é necessário reconhecer o contributo essencial da mulher na sociedade e a Igreja é feminina, a mãe de família.” Uma postura carismática e humilde, e um cuidado reforçado nas palavras dão às declarações demagógicas do Papa Francisco um tom liberal. Na prática a sua posição continua a ser a da igreja, rejeição à ordenação das mulheres, no entanto a forma de o dizer é outra por isso reconheçamos o seu mérito. Ora, numa igreja tão feminina, para quê a ordenação das mulheres? É até aconselhável que se mantenha apenas a ordenação de homens para equilibrar a igreja destes níveis de feminilidade. Num dia diz que o mundo tem uma postura indiferente aos imigrantes, no outro diz que o verdadeiro jejum vem do coração. É de todo normal o papa sentir compaixão pelos imigrantes uma vez que ele próprio é imigrante no Vaticano assim como toda a população da Santa Sé. Rodeado de imigrantes o papa conhece bem as dificuldades que eles têm de superar no dia-a-dia. “Onde fica o seminário XVI?”, “A que horas é o colóquio com sua eminência?”. Este tipo de dificuldades comovem qualquer um e o Papa não é de ferro! É uma figura popular na Internet e especialmente no Twitter, as suas palavras são irremediavelmente notícia e é aguardado por milhares de pessoas para onde quer que viaje não tendo no entanto Hilton no seu nome.
É importante reconhecer que o Papa Francisco tem feito um enorme esforço para mudar alguns comportamentos da igreja católica, no entanto, deve ser mais reconhecido ainda o seu poder carismático, de conduzir um povo e de o encantar com os seus discursos. E tendo isso, um homem não precisa de mais nada. Ou de muito pouco.