Passagem de Ano Inversa

Num dia estamos a celebrar o aniversário de Jesus e no outro o nosso. A única diferença é que tenha o primeiro a idade que tiver, será sempre o menino, nós não. Estamos a viver os últimos momentos do ano. Já começa a haver uma consciência de que desejar bom Natal não deve aparecer na mesma frase que desejar um bom ano novo. Desejar bom Natal já é suficientemente fantasioso. Desejar bom ano novo é drástico, podendo ser até escandaloso. Mais grave ainda é desejar boas entradas a alguém com iminentes problemas de calvície. Ora, como podem os portugueses ver o novo ano como bom se a ele está geralmente associada nova carga fiscal e mais medidas de austeridade? Hoje em dia já se começa a desejar bom ano novo se as coisas se mantiverem como estão, - o que já não é de todo mau -, ou naturalmente embora que de forma mais esporádica, se melhorarem, nunca, em caso algum, se piorarem. Por isso, a tendência deveria ser inverter as festividades da passagem de ano no sentido de comemorar ao máximo os últimos momentos de cada ano e deprimir com a entrada no novo. "Hey! Ainda estamos em 2014!" "Felizes últimos segundos do ano!" Não se faz uma contagem decrescente eufórica e animada, mas antes uma contagem tensa e silenciosa como se de uma bomba relógio se tratasse. Quatro, três, dois, um, zero. Já não há volta a dar, o novo ano está mesmo aí. O que há a fazer agora é tolerar 365 dias nos quais daremos conta que para o ano estaremos ligeiramente piores. Esta ideia fará com que festejemos sempre alegres e contentes no dia 31 de dezembro de cada ano e não tristes e contentes no dia 1 de janeiro. Usufruamos este magnífico champanhe enquanto o seu IVA não sobe. Contemplemos este fogo de artifício enquanto não se pagar uma taxa extraordinária para isso. Comamos uma fatia de bolo-rei enquanto o preço dos combustíveis não volta a subir drasticamente. E assim por aí fora… Como resolução de ano novo deixam de aparecer os típicos desejos como, ler mais livros, ter um filho, aprender equitação, fortalecer os laços com os colegas de trabalho, plantar uma árvore, etc. e passa a haver um ponto único: durar.

Lista de Feriados

Numa altura em que muitos feriados, quer civis quer religiosos, foram dispensados temporariamente, o governo mostra-se flexível em atribuir tolerância de ponto aos funcionários públicos na altura do Natal e ano novo. Feriados há em demasia. Tolerância de ponto? Nem por isso. Ainda assim acho que em termos burocráticos não soa tão bem tolerância de ponto como feriado. Tudo bem que num temos a alusão à tolerância, tão necessária no planeta em que vivemos. Mas ponto remete-nos para algo pontual e portanto esporádico, e disso não gostamos tanto. Feriado não é tão extenso, é apenas uma palavra e o prefixo alusivo a férias é agradável. Apesar de ser em excesso para a Troika, a função pública, por estes dias, até deve ser vista como pouca para o governo, que espera que toda ela se lembre no próximo ano, da tolerância de ponto com que foi brindada, e que isso possa ajudar a tomar uma ou outra decisão, quem sabe. Na minha opinião todos os feriados deviam ser uma espécie de tolerância de ponto com possibilidade de escolha. Ora, eu este ano quero o 5 de outubro? Muito bem, risca-se o 5 de outubro. Aplicar uma metodologia semelhante aos duodécimos mas no contexto dos feriados. Dar a ilusão de escolha aos portugueses como a uma criança quando se pergunta, "Queres ir tomar banho antes ou depois do jantar?". Procurar um consenso entre os feriados civis e religiosos. Que cada um possa requerer a sua própria lista de feriados anotando por meio de cruz, por exemplo - espero não estar a ser tendencioso -, aqueles a que quer ter direito. Feriados civis? Podem tornar qualquer um num nacionalista. Religiosos? No maior devoto. Tolerância de ponto? Certamente, numa pessoa que não se preocupa se os feriados vão calhar ao fim de semana ou não, porque à partida escolheu-os para seu próprio benefício. Mas longe estão os cortes de abranger apenas feriados e dias santos. Os salários também sofreram reduções. Claro que estes não tiveram mais que a tolerância habitual nesta altura do ano. Tal como na situação dos feriados e tolerância de ponto, salário é o mesmo que remuneração. Salário tem a sua origem em sal, método de pagamento usado na Roma Antiga. É provável que algo tenha ficado bem lá atrás para que agora seja legítimo justificar as reduções salariais com base nesta nossa grande preocupação que é o sal. Quem sabe não seja uma enorme metáfora para implementar hábitos de vida saudáveis que remonta à origem latina da palavra. Num país com tantas pessoas com hipertensão e outros problemas relacionados com o consumo excessivo de sal esta pode ser vista como uma medida subtil ainda que indireta para combater este flagelo. Reduz-se no salário, reduz-se no sal. É um raciocínio simples mas não tão imediato assim. A conclusão é só uma, afinal de contas cuidam-nos da saúde e nós nem desconfiamos disso.

Toca a Todos

Chegou finalmente a Portugal a iniciativa que se verificou como a maior angariação de fundos a reverter contra a pobreza infantil alguma vez realizada em Portugal. O “Toca a Todos” nasceu na Holanda - o que, não se enganem, não justifica a cor da campanha adotada pela RTP e Antena 3 para Portugal. “Serious Request”, assim se chama a campanha original, realizada pela primeira vez em 2004 pela rádio holandesa “3fm” que rapidamente se espalhou por outros países, em especial na Europa. Esta maratona de solidariedade, inédita no nosso país, reuniu grupos de vários pontos do país que foram verdadeiros embaixadores do “Toca a Todos”. O Terreiro do Paço foi o ponto de encontro onde estava também montado o famoso estúdio de vidro, - imagem de marca desta campanha - de onde os animadores da Antena 3 fizeram uma emissão especial de 73 horas seguidas. Também montaram um palco por onde passaram artistas portugueses que se associaram a esta causa. Nuno Markl que apelidou o “Toca a Todos” como o mais perto que Portugal já esteve de um Live 8, elogiou a iniciativa e em especial a coragem da sua mulher Ana Galvão em alinhar nesta iniciativa. E, quando a palavra de ordem é ajudar, não existem concorrências, que, mesmo sendo ele o apresentador d’"O Homem que Mordeu o Cão" da Rádio Comercial, fez questão de falar desta iniciativa na estação de rádio da Sampaio e Pina. É também uma iniciativa diferente porque são raras as vezes que uma maratona televisiva apela para as chamadas de valor acrescentado sem que a ele esteja associado um prémio monetário. O evento decorrido de 3 a 6 de Dezembro, não só nos alertou para uma causa preocupante e urgente como a pobreza infantil, mas, também nos mostrou que fechar pessoas dentro de uma caixa de vidro e fazer uma emissão em direto, pode resultar numa iniciativa louvável e não naquilo que nós sabemos!

O Padre Voador

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nasceu em Santos no Brasil em 1675. Por ser o autor daquela que é considerada a primeira máquina da história capaz de fazer um ser humano voar – um aeróstato primitivo -, ficou conhecido como “O Padre Voador”. Apesar de hoje ser um cognome notável e grandioso, - capaz de fazer corar qualquer rei de qualquer dinastia - na época foi-lhe atribuído com um sentido depreciativo, estando voador, neste contexto, perto de lunático, fantasioso, excêntrico… tolo ou maluco, como era tomado pela maioria das pessoas do seu tempo. É evidente que o povo dessa época enaltecia os descobrimentos marítimos e a conquista de novas terras, porém, o domínio do céu fazia-lhes confusão. Como se fosse lá o céu pertença dos homens! De facto, o fascínio de Bartolomeu de Gusmão em construir um objeto capaz de voar, faz de Portugal um país que partiu para os descobrimentos em quase todas as direções! Também a atribuição do nome “Passarola” a este tal objeto que, pela primeira vez na história faria alguém voar, denota o quanto Bartolomeu de Gusmão e a sua invenção foram ridicularizados. O mais famoso desenho da passarola é um bom exemplo disso. Asas e cabeça de pássaro na proa eram duas das características fundamentais para que a invenção de Bartolomeu de Gusmão levantasse voo. Afinal de contas os pássaros conseguiam e ninguém lhes perguntava como! Apesar dessa ser uma noção popular que parece ter ficado imortalizada nos famosos desenhos da Passarola, Bartolomeu de Gusmão nunca deve ter tido tal ideia, pelo menos nenhuma evidência nos leva a acreditar em tal coisa. Um entendido em física como era Bartolomeu de Gusmão teria, por certo, o conhecimento fundamental para compreender as leis gravitacionais, de dinâmica etc. e perceber quais as características necessárias para que o seu objeto pudesse efetivamente voar. Não foram as leis da física que inquietaram Bartolomeu de Gusmão, essa tarefa havia de caber ao Tribunal do Santo Ofício que o acusou de se ter convertido ao judaísmo e de pactuar com os chamados cristãos-novos. Apesar de se ter exilado em Espanha, onde acabaria por morrer na cidade de Toledo, Bartolomeu de Gusmão não chegou a sofrer verdadeiramente nas mãos dos inquisidores. Arrisco-me até a chama-lo de “O Isaac Newton português”. Fiel aos valores da doutrina cristã católica mas também um homem das ciências que estava claramente à frente do seu tempo. Deixou-nos uma enorme herança cultural onde se somam outras incríveis invenções. Há também que saudar o facto de não ter resistido até aos nossos dias nenhum registo acerca do aspeto físico e funcional da Passarola. É claro que se perde uma parte importante da história portuguesa e mundial, porém, isso deixa-nos em aberto a inventiva popular e a imaginação em volta de todo e qualquer objeto com proa, um balão, bico e asas. Foi assim que a Passarola ficou conhecida em todo o mundo, e mesmo não sendo capaz de levantar voo, acabou por voar!

Fraternidade

A Declaração Universal dos Direitos do Homem foi criada com o objetivo de melhorar as relações entre os povos e definir princípios básicos para a convivência humana. É fundamental pensar na importância deste documento, uma vez que seria esperado que estes valores fossem respeitados independentemente de estarem escritos ou não.
Hoje em dia a sociedade na qual estamos inseridos favorece o respeito entre todos, a tolerância e a fraternidade. Nem sempre foram estes os valores mais importantes estabelecidos pelos povos ao longo da história, na verdade, os direitos humanos tal como os conhecemos, são muito recentes e, infelizmente, frágeis. O simples facto de olharmos com estranheza para uma pessoa de uma religião diferente da nossa pode ser visto como uma longa herança do período inquisitorial. Ou, quando quase impercetívelmente fazemos notar um discurso sexista, estamos ainda a recordar a democracia da Grécia antiga – muito pouco democrática – que preservou alguns dos seus valores durante séculos e até aos nossos dias.
A declaração foi uma resposta urgente a uma das épocas mais negras da história mundial, o genocídio contra milhares e milhares de pessoas durante a segunda guerra mundial.
Após sessenta e dois anos da Declaração, os direitos humanos continuam a não ser respeitados na sua plenitude.
Segundo Ricardo Araújo Pereira, numa das suas crónicas para a revista Visão, todas as democracias apresentam falhas. Para se noticiar que, a democracia portuguesa tem falhas, significa que essas falhas começam a ser significativas. Ora, o mesmo se aplica aos Direitos Humanos. Todos os países onde estes são respeitados, eles acabam por ser, irremediavelmente desrespeitados. Nos que são desrespeitados podemos apenas ter uma ideia do que por lá se passa.
A fraternidade infelizmente parece um valor sazonal. Atinge a época alta no Natal e o resto do ano anda pior do que a empregabilidade no Algarve durante os meses de inverno. Ora, valores como a fraternidade devem estar presentes no nosso dia-a-dia sem darmos sequer conta disso.   
A meu ver, a Europa deixa-nos confusos sobre alguns dos valores que defende. Num dia é capaz de eleger Conchita Wurst como a vencedora da Eurovisão por aquilo que simboliza. 15 dias depois, uma quase mesma Europa vota nas eleições europeias em partidos nada favoráveis a figuras como a da mulher barbuda.  
Para concluir, podemos afirmar que, não deveria ser preciso existir a Declaração Universal dos Direitos Humanos para que o conceito de fraternidade fosse uma máxima a respeitar. Cada um de nós deve ser um embaixador dos direitos humanos, respeitando-os e enaltecendo-os.

Quantos Pessoa?

Que chato escrever poesia e abordar sempre as mesmas temáticas! Quem sabe não pensou um dia nisto, Fernando Pessoa ou seus compadres. O senhor de Lisboa, com um terrível tormento – a dor provocada pelo pensamento. Tema esse que surge quase irremediavelmente nas suas composições poéticas. Mas isto de analisar os detalhes das palavras de Pessoa e denotar os motivos poéticos, é tanto genialidade dele como nossa. Dele porque intelectualizou as emoções como ninguém, e nossa porque temos a necessidade de encontrar uma regra geral, um padrão, seja ele qual for. Também isto é matemática, reunir os temas mais manifestos na poesia de Pessoa ortónimo e dos seus heterónimos. Mas nada do que acabei de dizer coloca em causa a sua genialidade. Pessoa reunia todas as bases necessárias para isso. Aluno brilhante enquanto estudou na África do Sul, sexualidade duvidosa e o facto de nunca ter obtido o devido reconhecimento em vida. Fernando Pessoa queria ser o poeta, o grande poeta português, o maior poeta da língua portuguesa. Posto isto, todos os argumentos contrários que poderei vir a alegar posteriormente serão obviamente ridículos.
Não deixa de ser bela a ideia de que sendo Pessoa, uma só – pessoa –, se desdobrasse em várias. Uma característica tão incomum para qualquer época. Incomum como o nome lhe assentar tão bem. Mas consciência disso tinha-a ele, e não haviam coincidências, que não consta que Ricardo Reis tivesse particular interesse pela dinastia Afonsina nem de Avis. E de campos? Entendia-os Caeiro só de os olhar, Álvaro não. Nem todos podem ter essa sorte, e Reis, não teve muita que até para morrer teve de esperar por uma data de Saramago. Pelo menos aceitava pacificamente o destino! Que lhe valha ao menos isso. E apesar de Ricardo Reis ter uma grande ligação à cultura clássica, e do seu autodidatismo, o interesse por várias áreas do conhecimento, destaca-se porém, em Fernando Pessoa. Curioso não deixa de ser também a ligação que cada um deles tem com o ortónimo. O que não é tão estranho assim. Porque redigiria Pessoa ditos de heterónimos que não lhe “diziam nada”? Quantas dessas vozes não foram ouvidas pela sua “quotidiania” insuportável? Permanece o mistério.

O Fim da Convivência

Já parou para pensar na parte de culpa que tem de cada vez que alguém é vítima de violência doméstica? Muito provavelmente não. Não se culpe por isso. Mas, será que não temos mesmo alguma culpa? Numa sociedade perfeita não existiria, obviamente, violência doméstica. Infelizmente nunca teremos uma por isso, aquilo que para mim estaria mais próximo do aceitável seria uma sociedade onde as taxas rondassem os 50% de homem para mulher e, 50% de mulher para homem. A ordem foi aqui puramente aleatória. De facto até esta ordem pode causar alguma desconfiança sobre a forma como a violência doméstica mais comum na atualidade aparece em primeiro lugar. Mais perto do pensamento também, que só a muito poucos lembra uma mulher agredir física e/ou verbalmente um homem quando é de violência doméstica que se trata. Com certeza que um dos passos mais importantes para combate-la, é combater primeiro os preconceitos existentes sobre ela. Ainda achamos mais "aceitável", por um lado, um homem bater numa mulher do que o contrário, porém, sensibilizamo-nos também mais facilmente com uma mulher agredida do que com um homem. De cada vez que ridicularizamos uma ligeira agressão de uma mulher para com um homem, estamos a assumir que isso é humilhante, e que, o suposto elemento dominador do casal está a falhar redondamente. Sobre casais do mesmo sexo não vou aprofundar embora a violência evidentemente também exista. Isso pode justificar a grande curiosidade em saber qual o elemento do casal que faz de homem ou mulher. Numa altura em que 40% dos casos de violência doméstica no Reino Unido são de mulher para homem, é impensável continuarmos a achar que casos destes são pontuais. Em Portugal rondam os 20%. E basta uma chapada para se cometer uma agressão, basta levantar a mão. A mesma que é símbolo de paz é também símbolo dos maiores atos de violência física. Tal como muitos outros símbolos de paz. Será que uma pessoa com puder para acabar com milhares de vidas, se não o fizer, é merecedor do prémio Nobel da paz? É que num mundo onde os conflitos são inevitáveis, poder-se-ia premiar, não quem realmente contribuí para a paz mundial, porque esses são muito poucos, mas sim quem não agrava a situação. O que já não é mau! 
Mas a paz pode ter também um "lado fascista". Quando se indicou, em 2014, Malala Yousafzai para o prémio Nobel da paz, claramente não foi pelas suas atitudes pacifistas. Foi exatamente pelo seu ativismo pelos direitos das mulheres no Paquistão. Ou seja, não promovendo propriamente a paz, uma vez que se opôs ao regime, Malala promoveu a liberdade de expressão e o direito à educação o que lhe valeu, e muito bem, essa indicação.
Em todas as suas formas e dimensões. Violência é violência. Enquanto não tivermos bem presente isso vamos continuar a ser uma espécie de cúmplices silenciosos.

Caixas Self-Service

Já existe em muitos hipermercados uma coisa que está a mudar a forma como fazemos compras. São as chamadas caixas self-service onde é o próprio cliente que registas os seus produtos. Desde logo uma lufada de ar fresco no nome, self-service, um estrangeirismo já mais conhecido do que o meu conterrâneo take-away. Sobre estas máquinas, muito pode ser dito. Como principais vantagens são apontadas a proximidade que se estabelece entre o cliente e a marca e a privacidade, e alguma confiança também, que é dada ao cliente. Claro que é compensador chegar à caixa e não haver nenhum funcionário. Apesar de não parecer, um funcionário é uma pessoa com personalidade e nem todos os que “têm sempre razão”, estão dispostos a levar com ela. Cada vez nos damos melhor com as máquinas. O cliente sente-se tão adulto, como uma criança que acaba de deixar as rodinhas da bicicleta. Por outro lado, não haver funcionário na caixa deixa também o cliente mais calmo com possíveis risinhos que surjam por parte do funcionário devido à compra de um ou de outro produto. Como é bom puder passar livremente os códigos de barras sem nenhuma incomoda supervisão. Para além de uma maior proximidade com a marca, o cliente aproveita para se divertir. “Afinal isto até é giro!”, pensam alguns encantados com aquilo, como se estivessem na Kidzania.
Mas nem tudo são benefícios e também aqui são apontados alguns pontos fracos, entre eles, o golpe das grandes superfícies para reduzir os custos com pessoal. Claro que é tentador pensar nas despesas a menos usando o cliente como funcionário. Contudo, não consigo ver mais desvantagens do que vantagens nestas máquinas. Ainda está longe de ser uma realidade em todos os hipermercados e ocupa apenas uma pequena porção do total de caixas. Mas, estamos numa altura em que alguns empregos já não fazem grande sentido existirem. Temo que este venha a ser um deles.
A pergunta que se impõem é, será que nos devemos preocupar quando pessoas passam a fazer o trabalho de máquinas que até então era feito por outras pessoas? Continuo sem resposta.  

Terminologias

A língua portuguesa tem mais de meio milénio de existência. Com ela, Camões já fez história, na história de um povo. Há quem a consiga manusear como se de um fino fio de ouro se tratasse. Génios aqueles que a partir dela, criticaram os costumes de um povo cego e baralhado. Agora estudamos as suas obras que na altura, se não era fogueira era cárcere. Mas nem todos nos podemos queixar. Pelo menos disso. De resto a terminologia da língua portuguesa sofre muitas alterações. Mesmo agora, enquanto lê este texto, é provável que, um pronome seja considerado um determinante por um iluminado. É possível que um complemento até então oblíquo, seja agora de frase. Se pensa que domina a gramática, há que perguntar, qual delas? Uma coisa é certa, quanto mais ambígua uma gramática é, menor valor ela tem. O acordo ortográfico veio uniformizar a grafia do português nos diferentes países que o falam, porém, com as tantas terminologias, é impossível estabelecer-se uma conversa com uma qualquer pessoa que aprendeu uma gramática diferente da minha. Também porque naturalmente não é um tema falado. Se o argumento base do acordo foi unificar a língua, esse perde toda a sua credibilidade quando a cada geração se muda toda a terminologia. Em onze anos de estudo da língua portuguesa e do português, já fui confrontado com duas. Os terminologistas que estudam a nossa língua, em primeiro, e o mais certo, mudam-na vezes de mais e, depois, tornam-na inútil pela razão que referi anteriormente acabando por se exularem na sua própria gramática. O português, língua, vê-se confrontado com mudanças constantes, o português, povo, ao que parece, vê tudo na mesma. Se por um lado, diversas terminologias da gramática fazem com que eu use várias em simultâneo, por outro, fazem com que eu não domine nenhuma delas. Vamos lá falar português erudito e mostrar o nosso conhecimento sobre essa matéria. Existem as ciências exatas, que para além de serem iguais nos quatro cantos do mundo, são eternas e imutáveis. Sabemos tão bem que 1 + 1 é 2 porque criamos esses algarismos e essa simbologia. E assim será sempre. O bom de ciências como a matemática é isso mesmo, pode até ter mais do que um nome, mas é sempre a mesma coisa. Ora, também criamos a língua que falamos, esculpimo-la e aperfeiçoámo-la, mas não a conhecemos de facto. A gramática ainda não é exata nem eterna. O domínio que as palavras têm, só aqui pode ser comprovado. Como se todos estivéssemos apenas próximos de uma gramática correta, que no entanto nunca poderá ser alcançada por nenhum de nós.
Uma das coisas, das poucas, que já aprendi na vida, é que, o tempo não é todo igual. Tempo, tempo, tempo. Toda a nossa vida é regida de horários a cumprir e, em todo o mundo, o timing é crucial para o sucesso. Já foi questionado se de facto existia o tempo, ou se era apenas uma ilusão, ou ainda, se tempo e o espaço não passavam de um conceito comum. Afinal, não é por acaso que há quem diga por exemplo, "no espaço de um mês". Ora, do conhecimento geral é a diferença horária por esse mundo fora. As linhas de data que dividem o globo em meridianos imperfeitos ditam a hora de cada território. Esta é a parte mais formal de interpretar o tempo. Porém, é bem mais complexo do que parece. Em regiões onde a data é a mesma, o tempo pode, de facto ser diferente. Sim, fonética e gramaticalmente isso é possível. O que, mais uma vez o português faz por nós. O tempo é dito de forma diferente em regiões com a mesma data. Quando são onze menos cinco no Porto, são cinco para as onze em Lisboa. Pormenores que fazem uma grande diferença. Discurso falacioso, este, sobre tempo diferente, mas, afinal não é disto que é feita a língua portuguesa?
O bom de aprender uma gramática, é conhecê-la. O bom de aprender várias, é não conhecer nenhuma.

Comunidade Abstenção

Este ano tornamo-nos mais e mais fortes. Associamo-nos para nos afirmarmos culturalmente através do nosso dialeto unificado. Este ano, fizemos do português uma língua coesa que é cada vez mais aprendida com vista ao investimento em países de língua oficial portuguesa. Com a entrada da Guiné Equatorial, não só alargamos esta comunidade da qual fazemos parte, como também quebramos alguns preconceitos. Afinal de contas, o principal requisito para ser membro da comunidade de países de língua portuguesa, é, o uso corrente do português. Historicamente, a Guine Equatorial tem fortes ligações a Portugal uma vez que já foi uma colônia portuguesa e pela sua proximidade com os PALOP. E ainda que a 3ª língua oficial da Guiné Equatorial seja o português, não se fala português na Guiné Equatorial. Existe sim, uma linguagem crioulo resultante da junção do português com linguagens locais. Bem, sobre o facto de não se falar português na Guiné Equatorial, poder-se-á usar o argumento que, nos outros membros da CPLP também não se fala lá muito bem português. Mas, parece que a entrada na Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua Portuguesa ainda interessa menos aos portugueses do que a eleição de Marinho Pinto como deputado do parlamento europeu. Enquanto uns países tentam entrar numa comunidade, outros vêm-se confrontados com os prós e os contras de pertencerem a uma. Por essa Europa fora, para além de ligas de futebol, espetáculos televisivos ou competições de ciclismo, a maior competição da atualidade, são as percentagens de abstenção em eleições europeias. De 5 em 5 anos lá são os portugueses chamados às ornas. O sentimento para com as eleições europeias é semelhante ao para com aquele objetivo inalcançável. Uma utopia, tal como é encarada atualmente a união europeia por muitos céticos. Numa altura em que as decisões europeias nos afetam cada vez mais, a Europa vê-se confrontada com uma falta de interesse um pouco por toda a união. O interesse da Guiné Equatorial pela adesão à CPLP muito pouco tem que ver com a necessidade de aprendizagem da língua portuguesa. A necessidade de conquistar a confiança do estrangeiro e de estabelecer parcerias estratégicas são, sem dúvida, as principais razões. Entre a entrada de um país com um regime ditatorial considerado dos mais rijos do mundo para a CPLP e a enorme taxa de abstenção nas eleições europeias, apenas posso dizer que ambos me preocupam. Por um lado, a CPLP perde a credibilidade com um membro de pleno direito como a Guiné Equatorial, por outro, a abstenção destaca o emergir de partidos de estrema direita. Não deixa de ser irônico serem eleitos tantos euro-céticos quando estes deputados são assumidamente contra a união. Se aqueles que não acreditam num projeto europeu são aqueles que continuam a ir votar, contrariando a tendência geral, a coisa está preta!

Perversidade de Tablóide

Quando folheamos um jornal sensacionalista, apercebemo-nos que, juntamente com os títulos em letras garrafais, vem um aprofundamento do assunto do cabeçalho, chama-se corpo da notícia e normalmente é um espaço reservado aos resistentes. Àqueles que não desistiram, que não ficaram pelo lead e que muito menos acharam que todo o conteúdo estaria no título. Mas, com conteúdo ou sem ele, uma coisa é certa, este tipo de jornalismo utiliza algumas figuras de estilo sendo a preferida, pelo que constatei, a hipérbole. Empregue, muitas vezes, logo no título. Apesar de este ser curto e conter o essencial da notícia, para estes jornais tem de haver espaço para exageros falaciosos que tomarão o leitor para o corpo da notícia. O que me acontece é aquilo que só posso descrever como desilusão, na medida em que a notícia vai perdendo o interesse a cada parágrafo lido. Reconhecida tem de ser a sua eficácia uma vez que o Correio da Manhã, não só é o tablóide mais vendido do país, mas o mais vendido de todos os jornais nacionais. Por vezes vê-se que como ridicularizado pela falta de credibilidade, rigor e pelas manchetes tendenciosas. Contudo, é isto que vende, isso é certo e sabido. E resultando esta fórmula, para quê fazer alterações?
Um dos títulos que mais me faz confusão é o seguinte modelo exemplificativo, "Jovem espanca ídolos por 20 euros." Que fique claro, trata-se de um exemplo fictício, mas não longe de um encabeçamento verídico. O essencial aqui é que, na minha opinião, este tipo de títulos são lamentáveis. Passo à explicação. Em primeiro, o que muito provavelmente se passou foi que o sujeito em questão apenas conseguiu essa quantia, não fazendo particular questão de extorquir apenas esse simbólico valor. Agredir por 20€ pode também muito bem ser, um serviço. Serviço esse que é pago. O conceito de "violência gratuita" fica também distorcido. Por outro lado, o título não só dá destaque à ocorrência de uma agressão, mas também ao que o agressor conseguiu com ela. Para além de menosprezar assim a agressão em si, torna justificável qualquer semelhante agressão caso o valor furtado seja justificável. Se é aceitável um título destes, também deveria ser algo como, "Jovem espanca ídolos mas encaixa 20.000 euros." Afinal é o mesmo juízo! E este é apenas um exemplo. Engraçado como comecei por criticar os títulos da imprensa sensacionalista, e como acabei por tirar tanto de um. 

Este tipo de jornalismo é como aqueles restaurantes em que, a comida é má, e ainda por cima serve pouco.

Causa-Efeito na Lei

Foi preciso acontecer uma situação como esta para que acesamente se discuta o assunto. E toda esta polémica levanta outra dúvida interessante, não tanto é certo, mas ainda assim que nos faz pensar. Afinal, de que forma a legislação deve prever como proceder em situações caricatas como esta? Não é uma discussão fácil uma vez que seria praticamente impossível legislar tudo aquilo que é legal ou ilegal sem de alguma forma criar ambiguidades. Mas afinal do que falo? Uma selfie tirada por um macaco está a gerar uma enorme discussão acerca dos direitos autorais da fotografia tirada há 4 anos na Indonésia. O dono da máquina fotográfica reclama os direitos de autor, embora a legislação britânica só comtemple direitos de autor no caso de humanos, indo parar assim as fotografias ao domínio público, não pertencendo a ninguém. Também a discutir seria a atribuição do nome selfie a uma foto tirada com um animal a que popularmente se dá o nome de felfie. Porém tecnicamente é  uma selfie pois o macaco fotografa-se a sí mesmo. Resta saber se o próprio conceito de selfie também ele está, ou deveria estar aberto ao reino animal. Bem, tudo boas tardes de discussão e convívio... Seria estranho estar previsto na lei uma descriminação mais detalhada sobre direitos autorais para não humanos? Não de todo, por muito absurdas que algumas leis pareçam, pudemos em alguns casos pensar na quantidade de casos que implicaram a criação de uma nova lei. Um dos exemplos mais conhecidos deste tipo de leis, aparentemente absurdas - absurdas mesmo – é, o gelado Sundae. Esta sobremesa, atualmente difundida pelo mundo todo, é um dos casos que surgiu como alternativa às leis religiosas que decretavam ilegal o consumo de gelados ao domingo. O Sundae surgiu assim como alternativa ao gelado convencional. Voltando ao problema principal, admito que me é impossível saber se a discussão sobre os direitos de autor é entre o dono da máquina, um domínio publico uma vez que a foto foi tirada por um macaco – não comtemplado nos direitos autorais -, ou do próprio macaco. Se esta discussão abrir caminho a direitos de autor para animais não humanos, teremos um problema ligeiramente maior. As fotografias de que se fala, já foram livremente usadas através da internet uma vez que a foto foi publicada e difundida na Wikimédia. David Slater, o dono da máquina, garante que já perdeu milhares de euros pelo facto de a Wikimédia não reconhecer os direitos da fotografia ao britânico, mas antes ao macaco que a tirou, logo são de domínio público. E tudo começa de novo. E isto são casos complicados. Reino Unido e resto do mundo, estão criadas as condições para se criarem leis que defendam estes animais em perigo de extinção! Não deixem que o seu trabalho seja roubado e copiado, é agora ou nunca! E isto são problemas! Vão masé trabalhar!

Empréstimos Linguísticos

Se está a ler esta crónica online, provavelmente acedeu a um link que o redimensionou para aqui. Talvez tenha googlado o título do blog ou o meu nickname do Google+. Talvez tenha visto aquele tweet retweetado que apareceu algures na sua timeline. Quem sabe não soube da existência do blog através de um email que poderá ter ido parar ao spam. Uma coisa é certa, quando pensamos nestas palavras que frequentemente usamos no nosso léxico, surgem-nos o conceito de estrangeirismo e de empréstimos linguísticos. Apesar de semelhantes, cabe a pessoas como eu, meros curiosos, fazer a distinção. Segundo informações do dicionário, estrangeirismo é uma palavra, expressão ou construção de uma língua estrangeira usada ou integrada numa língua nacional, também denominado de barbarismo. Já um empréstimo linguístico é algo mais momentâneo. Tal como é referido, é um empréstimo, uma palavra ou expressão que precisamos num determinado momento e que só conseguimos encontrar com recurso a línguas estrangeiras. Numa altura em que tanto nos foi emprestado, estes devem ser, por ventura os empréstimos que ficarão mais em conta aos portugueses. Algo momentâneo e descartável em que, nem sequer pensamos muito sobre isso porque uma tal palavra da língua inglesa, por exemplo, surge instantaneamente na nossa cabeça. Isso na maioria das vezes é bom, revela a nossa perspicácia em encontrar um termo que assente como uma luva numa determinada situação. Por outro lado, encontramo-nos algumas vezes a usar empréstimos linguísticos quando na nossa língua existem palavras ou expressões que exprimem exatamente a mesma situação. Enquanto que financeiramente, Portugal foi socorrido com milhares de milhões de euros de empréstimos europeus, fonética e gramaticalmente a tranche seria no sentido de resgatar as nossas expressões. É uma coisa que só pode ser explicada pela nossa grande dependência na importação de produtos do estrangeiro, sejam eles materiais ou imateriais. Podemos ter igual ou semelhante, mas nós queremos a outra, aquela tal expressão que é usada naquele filme de comédia americano rodado em tudo o que é sala de cinema. E, é também por isso que estrangeirismo pode ser também definido pela influência de um determinado país sobre outro. Presente fica também a ideia de que o que vem de fora, do estrangeiro é melhor do que o feito cá, o que não é de todo uma verdade uma vez que se fazem expressões bastante razoáveis no nosso país. Provérbios, lengalengas, frases feitas... expressões de forma genérica. Todo esse conteúdo gramatical é de enorme valor e são tão úteis que chegamos a encontrar no português provérbios análogos (chamemos-lhe assim). Trata-se de provérbios com o mesmo fundo de verdade. Até aqui nada de extraordinariamente interessante, porém, isto leva-me a crer que, em diferentes momentos da história e em diferentes lugares, surgiram provérbios com a mesma semântica. É exemplo disso o provérbio "Nem 8 nem 80" que equivale ao "Nem tanto ao mar nem tanto à terra". Um mais ligado às ciências matemáticas e, outro mais às ciências geográficas, porém, ambos com o mesmo objetivo de transmitir ponderação, bom senso, e algo de anti extremos até... Algo como "Nem tanto ao PCP, nem tanto ao PNR" seria uma alternativa a este provérbio adaptado ao panorama partidário português. Mas, não me interpretem mal, o provérbio é que é uma alternativa, não estes dois partidos. Cuidado com isso!

Costa a Jogar pelo Seguro

A crise interna do partido socialista não o deixa com a popularidade que talvez é esperada numa oposição que demonstra estar pronta - talvez até demais - para assumir o comando do país. Com duas figuras a disputar o cargo de líder, o PS terá seguramente, perdão, certamente um líder para assumir o cargo de primeiro-ministro quando ganhar as próximas eleições legislativas. E, apesar de nestes dias o ambiente dentro do partido não ser o melhor, continua a deter a principal intenção de voto dos portugueses, segundo as sondagens. Neste momento podemos dizer que temos uma coligação no governo e uma espécie de coligação no principal partido da oposição. Temos num lado os apoiantes de António José Seguro e, do outro, os de António Costa. Podemos pensar que um partido que não consegue resolver os seus próprios problemas, não conseguirá porventura governar uma coisa singelamente maior como Portugal. Podemos ainda fazer o raciocínio inverso e pensar que, num partido com tanta gente disponível a liderar, só pode correr bem! António Costa deixou, ainda que de uma forma implícita, que está impaciente para “comandar o barco” quando tentou alterar os estatutos do partido, para que assim se pudessem realizar eleições internas extraordinárias. Diria apenas que, um candidato que tenta alterar as regras a meio do jogo, para além de por em cansa a credibilidade do partido, também põem em causa os seus ideais democráticos. Afinal de contas, os estatutos de um partido são a constituição dessa mesma instituição partidária, e, se podem ser passados por cima assim tão facilmente, nada nos garante que outros códigos que regem na atualidade, não possam ser também alterados de hoje para amanhã. O presidente da Câmara de Lisboa precisa de uma consulta no Santa Maria? Alterasse a constituição portuguesa para que António Costa possa beneficiar com isso. Qual o candidato que apoiarei? Não me sinto seguro para virar as costas, quer a um, quer a outro…  

Este Mundial

Portugal não começou bem esta fase de grupos do Campeonato Mundial da FIFA e, ao que tudo indica nem o apoio dos brasileiros nos valerá para garantir o apuramento para a fase seguinte. Mas, mais do que futebol, a prestação de Portugal no mundial foi uma metáfora ao que tem acontecido nos últimos tempos nesta ocidental praia lusitana. Fez-se poesia no Brasil, orgulhosos que devem estar esses navegadores. Bem, certezas sobre o que se passou com a seleção nacional no Brasil não tenho, mas garantidamente bom futebol não foi... O primeiro encontro frente à seleção alemã foi aquilo que só pode ser descrito como humilhação. Com um resultado final de 4-0, fomos completamente arrasados. Não foi mais nem menos do que a submissão portuguesa à seleção alemã. A Alemanha a humilhar Portugal. Qual é a novidade?! Como se já não nos tivéssemos vindo a habituar. O play-off deste campeonato já se joga à bastante tempo. E, de facto, nada estava perdido. A estreia não foi boa não senhor, mas, sabíamos que podíamos dar a volta! No último domingo frente aos EUA, o resultado também não foi propriamente o mais esperado, o que, apesar de matematicamente possível, nos deixa praticamente fora do apuramento para a próxima fase. Antes da partida o treinador alemão dos EUA disse que ia colocar Portugal no seu lugar. Curioso mais uma vez, por acaso os EUA nem têm posto Portugal bem lá no fundo. Somos lixo no que respeita à nossa capacidade de pagar a dívida. De facto, é tudo menos o que este país precisa, que o coloquem no seu lugar, ele já lá está. Mais uma vez, economia e futebol lado a lado. Por vezes nem sei bem se estou a ver mesmo o mundial ou se a Judite de Sousa na TVI24. Para amanhã está marcado então o último jogo de Portugal da fase de grupos que, muito possivelmente será também o último da seleção em terras de Vera Cruz para este Mundial. Gana é a última seleção que Portugal terá que defrontar, sim, vai mesmo haver jogo. Os pagamentos serão efetuados muito brevemente em dinheiro vivo. Ao que parece os jogadores do Gana não têm conta bancária. E esta, mas existem jogadores convocados para uma seleção sem uma conta bancária? Não é assim tão raro quanto isso em enumeras zonas no globo. Caso o pagamento não fosse feito a tempo, Portugal arriscar-se-ía a passar à próxima fase uma vez que falta de comparência dá direito a vitória por três bolas a zero. Mas, o que nos convinha mesmo era que o pagamento não tivesse sido feito duas vezes... 
Não há dúvidas, este campeonato é de equipas da América do Sul. Juntou-se a época dos descobrimentos à época do redescobrimento, onde, ao que parecia andávamos todos a viver a cima das nossas possibilidades. Que chatice!

O Eurofestival

A representante escolhida pela Áustria para a Eurovisão deste ano já tem dado que falar pela sua aparência, digamos, invulgar. De seu nome Conchita Wurst, a Drag Queen faz lembrar as famosas mulheres com barba do circo, o que não é de todo improvável, uma vez que há décadas que o festival da Eurovisão virou palhaçada. Este ano Portugal leva um número de tambores giríssimo. O que, também ajuda a fortalecer a minha teoria que diz o seguinte, aquilo que se prolonga demasiado no tempo, tende a tornar-se um ambiente de circo. É verdade que ainda não passa de uma teoria, mas, prevejo que possa vir a ser mais do que isso. Ora, como era de esperar, certos grupos de alguns países europeus já reagiram à escolha e reivindicaram na tentativa de banir a apresentação da austríaca. Um desses grupos é o All-Russian Parent Meeting. Segundo esse grupo, a representante da Áustria no festival promove um estilo de vida impraticável para os russos. Tenho de vos ser sincero, nisto dos estilos de vida, estou com eles. Vejamos os exemplos, da última vez que alguém com barba rija e cabelo comprido promoveu um estilo de vida diferente, deu merda. Era um tal de Jesus Cristo o nazareno. Conchita pediu "tolerância e respeito" neste 59º festival Eurovisão da canção depois de ao invés dos pães, ver as críticas multiplicarem-se. O All-Russian Parent Meeting acusa ainda a competição por promover o movimento gay. Neste aspeto a história repete-se. Se é certo que, todos os anos surgem tentativas de afastar algumas entradas da competição, é mais certo ainda que o festival se tornou há anos um ícone gay, mais ainda até do que o próprio vaticano por exemplo. País que, embora admitido a concurso por pertencer à EBU, nunca participou, certamente que não foi por falta de talento. Outros países como a Armênia e a Bielorussia também se manifestaram contra o visual de Conchita. Visto que no ano passado a Turquia recusou-se a transmitir o certame por causa de um beijo lésbico, não admira que algo semelhante aconteça também este ano.  
Se, nos anos 60 e 70, Portugal procurava levar músicas interventivas para mostrar à Europa a censura que existia no país, hoje, o festival serve sobretudo para nos mostrar a censura que existe na Europa. Não mudou muito, pois não?

O Milhafre em Prisão Domiciliária

"Há 2 anos um milhafre-real foi apreendido pela GNR a José Ferreira, que não tinha licença para o ter numa gaiola, aberta. Pintadinhas, [o nome dado ao animal] vive agora fechado e quem tratou dele tem 20 mil euros para pagar. (...) " lia-se numa notícia publicada no JN.

"Apreenderam a ave, mas não a puderam levar porque não tinham sítio para a deixar. Como estava habituada a ser tratada por nós, não iria ambientar-se e poderia morrer", explica Luísa Antunes, filha do casal. O oficial de Relações Públicas da GNR de Viseu, tenente-coronel José Machado reconhece que a ave estava numa gaiola "com a porta aberta" e que "só não voou porque não quis" (fonte: Jornal de Notícias). Ainda assim o casal foi multado em 20 mil euros pela posse de um animal protegido, em vias de extinção. 
A ave foi apreendida pela GNR em 2012, porém, continua até hoje no mesmo sítio ao cuidado da filha do casal. Ou seja, estamos perante um caso de prisão domiciliária referente a um milhafre. Só falta a pulseira eletrônica na pata e apresentações periódicas ao posto da guarda. A GNR procedeu com enorme profissionalismo neste caso. Reconhece a existência de uma ilegalidade, porém, não reconhece a existência de um problema, - porque de facto não o há! Os senhores agentes fizeram o seu trabalho do ponto de vista burocrático, porém, não assumiram qualquer responsabilidade para com a ave de rapina. Claro, a sua alimentação fica bastante cara, "aplicar a lei - sim, resolver os problemas - está quieto!". A avultada quantia de 20 mil euros torna-se ainda mais ridícula se pensarmos na recente notícia sobre o antigo diretor do BCP, Luís Gomes e sobre a sanção de 650 mil euros do qual este foi ilibado. 
Por isso, da próxima vez que vir um animal protegido ferido e magoado, afaste-se dele. Se ainda assim quiser ajudar, não o leve para casa, não cuide dele nem lhe dê comida, dê-lhe antes uma machadada na cabeça e acabe-lhe logo com o sofrimento.

O Bebé 140 Caracteres

Hoje, uma situação mais ou menos caricata chega-nos da Argentina. Claire Diaz-Ortiz deu à luz uma menina ao qual deu o nome de Lúcia Paz Diaz-Ortiz. Só este facto já pode ser considerado caricato em Portugal, um pais com uma das menores taxas de nascimentos do mundo. Porém, o que destacou este nascimento um pouco por todo o mundo foram os tweets pré-parto. Claire Diaz-Ortiz, trabalhadora no Twitter na Argentina, relatou, em direto, os momentos vividos desde as primeiras contrações até instantes antes do nascimento da filha. Logo depois, surgiu uma foto de Claire já com Lúcia Paz Diaz-Ortiz no colo. De entre os tweets, deixados por Claire destaco os seguintes "Eles dizem que os bebés nascidos em tempestades trazem consigo a sorte dos argentinos. Ela é uma sortuda, então ;) (...)", "Lição: quando você twitta o seu próprio trabalho, alguns vão odiar. Felizmente, o seu marido vai rir no canto. (...)".
E, se todos os anos vemos um bebé ser eleito o bebé no ano, este levará o título de bebé 140 caracteres, o número máximo que a rede social de mensagens curtas permite. Seria bom introduzir algo novo na típica história contada aos mais novos quando eles fazer aquelas típicas perguntas "Como é eu eu nasci?", "De onde é que eu vim?". Já não faz sentido ser uma cegonha a protagonista desta história quando o pássaro do Twitter tem feito um trabalho memorável para levar os bebés por esse mundo fora através da famosa rede social. Tudo o faz prever que esta será uma tendência crescente. Sendo o Twitter uma rede social, que pode dizer-se ser de partilha compulsiva, não admira que capte estes momentos. Mais do que de uma enorme partilha de conteúdos da vida pessoal, os tweets são, na sua maioria, utilizados para descrever vivências banais e momentâneas. Apesar de Claire ser argentina, no nosso pais, o nascimento de crianças está longe de ser algo banal. Com a taxa de natalidade em decadência é cada vez mais preciso lembrar os nascimentos que ocorrem. Fotografar, gravar em vídeo, descrever todos os pequenos movimentos e até o choro do bebé. Se as coisas continuarem assim, ver um bebé será cada vez mais raro. E, se por um lado os nascimentos estão a tornar-se acontecimentos esporádicos no nosso pais, a partilha dos mais pequenos acontecimentos quotidianos, - e de grandes momentos como o nascimento de um bebé - é cada vez mais banal. 

Legos do Diabo

Hoje li uma notícia que me despertou alguma atenção. Lê-se no site da SIC Notícias, "um padre polaco lançou um aviso aos pais para que estejam alerta em relação aos brinquedos da Lego. O pároco Slawomir Kostrzewa defende que as conhecidas peças de plástico de mil cores são um instrumento do diabo que pode “destruir” a alma das crianças." 
Por um lado, darem atenção a notícias como esta, revela a raridade das palavras deste pastor. Como que tivesse surgido um "vejam isto!" por parte da redação deste site informativo. Nada a apontar, sou um grande adepto deste tipo de notícias. Acho apenas que já se esperava uma apreciação pejorativa mais racional, como por exemplo acerca do tamanho de algumas peças propícias a asfixia. Ainda assim, segundo Kostrzewa, o perigo preside na aparência violenta das populares peças da Lego. O pároco  aponta ainda que os “companheiros carinhosos foram substituídos por monstros sombrios. Estes brinquedos podem ter um impacto negativo nas crianças. Eles podem destruir a sua alma e levá-los para o mundo das trevas”, explicou Kostrzewa. O mais perto que legos e diabo estavam de ser mencionados na mesma frase até agora, era, na chata situação em que alguém - normalmente os pais das crianças - pisa acidentalmente uma dessas peças, "Ah! #@%&!! Diabo dos legos!". Muito antes de estas peças se terem tornado perigosas para as crianças, já o eram para os pais que parecem caminhar sobre vidro de cada vez que entram no quarto dos filhos. Finalmente um pároco enverga por um caminho diferente para dar todo outro simbolismo à malvadez das coloridas peças dinamarquesas. 
Com isto, o padre Slawomir Kostrzewa não estranhe que mais crianças queiram ir para o inferno após a morte, ao invés de irem para o céu. Afinal, que choninhas é que quer ir para um lugar onde todos se vestem de branco e têm uma auréola de néon à volta da cabeça, quando podem ir para o outro lado brincar com legos para sempre? Esta até eu sei! Por acaso gostava de saber a opinião de Kostrzewa sobre jogos de consola, o contacto cada vez mais precoce que as crianças têm com dispositivos móveis, ou até as séries animadas, - embora que para um outro público - The Simpsons ou Family Guy. Tínhamos programa para o dia todo. Mural da história: Há ideias que, tal como peças, demoram a encaixar.

Uma Polémica de Cocó

Esta semana Nuno Markl publicou na rede social Facebook, um desenho do que intitulou ser um "cocó menina". O pedido partiu do seu filho - "papá, faz um cocó a sair do rabo. Mas um cocó bonito. Sabes fazer um cocó menina?". O humorista, cheio de inspiração com uma ideia que à partida só viria de uma criança, desenhou o tal cocó idealizado pelo filho. Posteriormente, e depois da obra feita, Markl postou o desenho, - feito com o iPad, como já tem vindo sendo seu hábito - no facebook. Aparentemente alguns seguidores do humorista acharam a publicação ofensiva e imprópria pelo que esta terá sido denunciada. A conta acabou por ficar suspensa por 12 horas embora o desenho não violasse as políticas do Facebook. Aparentemente uma situação banal como esta, tomou de tal forma dimensão que foi inclusive noticiada pelo Jornal de Notícias e pelo semanário Sol, entre outros, - e é também por isso que escrevo este post, sob pena de este ser denunciado. Os seguidores de Nuno Markl que denunciaram o post, provavelmente consideraram-no impróprio, não pelo conteúdo em si, mas dada a vertente pedagógica do desenho. Certamente acharam que a forma como Markl introduziu o tema ao filho de 4 anos não foi a mais adequada, não querendo com isto dizer que este deve ser evitado. O preconceito para com o cocó não parte apenas dos facebookianos indignados. O próprio petit, ao dizer que queria um cocó bonito, - um cocó menina - passa a ideia de que o feminino é o mais belo, quase como oposição à ideia "este cocó é para meninos." Poder-se-á dizer que esta foi uma polémica de cocó, e não apenas no sentido literal. Após toda esta epopéia, Markl publicou na sua conta de Facebook, - que entretanto voltou à normalidade - acerca do desfecho feliz desta história, dizendo "(...) o Cão Azul produziu duas t-shirts do Cocó-Menina. A minha parte das receitas enquanto autor dos desenhos vai 100% para o NIB da Ala Pediátrica do IPO, que tanto merece. (...)". Afinal, a importância excessiva que alguns deram a esta brincadeira de pai e filho, serviu para algo que pode dizer-se ter de facto uma grande importância. Não há dúvida que os utilizadores do Facebook são bastante seletivos, sabem exatamente o cocó que deve ser aceite daquele que não passa de um cocó menina.

Os Desóscares

No último domingo realizou-se mais uma edição dos Óscares. A cerimónia que premeia a 7ª arte teve mais uma vez lugar no Dolby Theatre, em Los Angeles. A chuva voltou a ameaçar a cerimónia, a atriz Jennifer Lawrence voltou a cair durante a gala, e, não foi desta que Leonardo DiCaprio levou uma estatueta dourada para casa. Nestes aspetos, foi apenas mais uma noite de Óscares, porém, esta edição vai ficar marcado por alguns acontecimentos que irão ser falados durante duas, três semanas, até serem esquecidos. Também nesse aspeto, esta foi mais uma edição dos Óscares. Em primeiro lugar, o não "galardoamento" de Leonardo DiCaprio. Apesar de reconhecer o seu talento, não seria de facto justo este ser reconhecido pelo seu papel no filme “O Lobo de Wall Street”. Dessa forma, a não premiação do ator foi para mim, um dos momentos altos da noite. Foi um dos momentos altos porque, resultou na congratulação do ator Matthew McConaughey, que embora tenha participado no filme “O Lobo de Wall Street”, venceu o óscar pela interpretação de Ron Woodroof no filme “O Clube de Dallas”. Esta interpretação foi também bastante falada pela perda de peso a que Matthew McConaughey teve de se submeter. Segundo o ator, perder peso tornou-o mais inteligente e inclusive algumas pessoas consideram seguir o seu método de perda de peso dada a eficácia, na minha opinião excessiva, da dieta. Para além de melhor ator, McConaughey arriscou também o prémio de peso pesado do programa The Biggest Loser. Um outro momento alto foi a selfie partilhada por Elllen DeGeneres através do twitter com o objetivo de bater o recorde de retweets que até então pertencia a Barack Obama. Apesar de já ter sido partilhada por mais de 3 milhões de pessoas, a foto ainda não bateu o recorde de partilhas por número de pessoas na fotografia. E diga-se que Ellen escolheu muito bem o set de atores para a sua selfie, Meryl Streep, Bradley Cooper, Julia Roberts entre outros. O galardão de melhor filme foi para “12 Anos Escravo” e, “Gravidade” foi o filme a conquistar mais estatuetas douradas, que ironicamente levou para casa os óscares de melhor mistura de som e melhor montagem de som, uma vez que toda a rodagem do filme se passa no espaço. Com os pés bem assentes na Terra, ficou então Leonardo DiCaprio que, embora não tenha recebido nenhum óscar, foi dos mais falados da noite. E a saga continua para saber qual o filme que fará DiCaprio arrecadar o seu primeiro óscar.

Fenômeno Stephani

A tempestade que se faz sentir por estes dias, tem agora o nome de Stephani. Ondas gigantes, fortes rajadas de vento e chuvas intensas são alguns dos fenômenos que caracterizam esta tempestade. Na abertura dos noticiários vê-se, irremediavelmente, a proteção civil a chamar a atenção aos curiosos que se juntam na marginal. Se até então muitas eram as pessoas que tiravam proveito deste tipo de fenômenos da natureza, a partir de agora prevejo que sejam ainda mais. Agora os portugueses não têm apenas uma nortada que levanta grandes ondas, têm sim, uma tempestade, a saber apelidada com um nome feminino americano. Ora, quem não quer ver mais de perto a tempestade Stephani? Eu estou-me a conter, porque de facto receber um evento como este em Portugal, não é todos os dias. Nos EUA, atribui-se anualmente nomes femininos a furacões, usando o alfabeto para ordenar esses fenômenos por data. Agora querem afastar as pessoas da marginal? Passem a chamar-lhe outra coisa, como por exemplo... sei lá, "mau tempo" só assim... Desconfio que "mau tempo" não seja tão comercial como "tempestade Stephani". Ou seja, mais do que estarmos perante um fenômeno da natureza, estamos perante um fenômeno de popularidade.

Coadoção

Ultimamente tem-se voltado a ouvir falar de coadoção. Depois de em maio do ano passado ter sido aprovada na generalidade a possibilidade de um membro de um casal gay poder coadotar uma criança - biológica ou adotiva - do outro membro do canal, agora fala-se em referendar a questão. A constitucionalidade do referendo está atualmente sobre a mesa do tribunal constitucional. Mas, independentemente de vir a ser referendado ou não, acho que é conveniente as pessoas saberem o que é afinal a coadoção. Antes de mais a coadoção não é coisa de homossexuais. Não se trata de um gueto legal nem de outro nome para aquilo a que é habitualmente chamado de adoção para casais heterossexuais. A coadoção para estes últimos está prevista na lei há décadas, e, o problema que levou à criação desta lei é o mesmo que levou à proposta de lei sobre a coadoção por parte de casais homossexuais. A coadoção serve para que em caso de morte do membro do casal com ligações legais à criança, esta possa ficar ao cuidado do outro membro em vez de ser levada para uma instituição. No fundo, esta lei vem formalizar uma relação de parentesco que já existe. Obviamente a criança convive com quem toma conta dela, quer sejam duas mães, dois pais, ou um pai e uma mãe. São família e ela certamente os reconhecerá como tal. 
Os opositores a esta lei argumentam dizendo que uma criança precisa de um pai e de uma mãe para se desenvolver corretamente, ou pelo menos o mais corretamente possível. Tudo certo até agora, eu, acrescentaria talvez um tio. Uma criança precisa de um pai, uma mãe e um tio. Dá sempre jeito ter um tio também. E um irmão talvez. Avós são importantes também. De facto, limitar o desenvolvimento de uma criança a duas figuras quando existem tantas que convivem com ela, é redutor. 
Em Portugal é possível concorrer ao progresso de adoção sem se ser casado. Singularmente é possível fazê-lo. Mas afinal uma criança precisa de uma pai e de uma mãe ou apenas uma destas figuras chega?
O mais engraçado é que os opositores ao casamento gay que à uns anos atrás argumentavam dizendo que não era a altura para o pais decidir sobre essa questão porque haviam problemas mais importantes para resolver, como o estado financeiro e a crise econômica. Agora, alguns desses mesmos opositores apoiam o referendo sobre a coadoção. Será que o país melhorou assim tanto para se "dar ao luxo" de referendar este tipo de direitos? É óbvio que não. Concordo que um referendo é uma das formas mais democráticas de aprovar leis, mas não acho que seja aplicável a todas as situações e esta penso ser uma situação onde um referendo não venha resolver o problema. E porque é que um referendo não resolve a questão da coadoção? Apesar de um referendo ser uma forma eficaz – cara, mas eficaz - de legislar segundo a intervenção popular, não parece lá muito boa ideia neste caso. Sendo esta lei destinada particularmente a casais homossexuais, não me parece justo por todo o país a votar sobre ela. Principalmente quando alguns deles partem logo para a rejeição quando leem a palavra "homossexuais" lá pelo meio. Agora parte do conceito de democracia de cada um. Uma regra matemática com base na opinião da maioria resulta a maior parte das vezes. Afinal, se o problema não é a homossexualidade dos cônjuges, nem a falta de um dos gêneros num casal, qual é então? 
Ah! Já sei. O problema é o acordo ortográfico. Também me faz confusão escrever coadoção em vez de co-adopção...