O Bebé 140 Caracteres

Hoje, uma situação mais ou menos caricata chega-nos da Argentina. Claire Diaz-Ortiz deu à luz uma menina ao qual deu o nome de Lúcia Paz Diaz-Ortiz. Só este facto já pode ser considerado caricato em Portugal, um pais com uma das menores taxas de nascimentos do mundo. Porém, o que destacou este nascimento um pouco por todo o mundo foram os tweets pré-parto. Claire Diaz-Ortiz, trabalhadora no Twitter na Argentina, relatou, em direto, os momentos vividos desde as primeiras contrações até instantes antes do nascimento da filha. Logo depois, surgiu uma foto de Claire já com Lúcia Paz Diaz-Ortiz no colo. De entre os tweets, deixados por Claire destaco os seguintes "Eles dizem que os bebés nascidos em tempestades trazem consigo a sorte dos argentinos. Ela é uma sortuda, então ;) (...)", "Lição: quando você twitta o seu próprio trabalho, alguns vão odiar. Felizmente, o seu marido vai rir no canto. (...)".
E, se todos os anos vemos um bebé ser eleito o bebé no ano, este levará o título de bebé 140 caracteres, o número máximo que a rede social de mensagens curtas permite. Seria bom introduzir algo novo na típica história contada aos mais novos quando eles fazer aquelas típicas perguntas "Como é eu eu nasci?", "De onde é que eu vim?". Já não faz sentido ser uma cegonha a protagonista desta história quando o pássaro do Twitter tem feito um trabalho memorável para levar os bebés por esse mundo fora através da famosa rede social. Tudo o faz prever que esta será uma tendência crescente. Sendo o Twitter uma rede social, que pode dizer-se ser de partilha compulsiva, não admira que capte estes momentos. Mais do que de uma enorme partilha de conteúdos da vida pessoal, os tweets são, na sua maioria, utilizados para descrever vivências banais e momentâneas. Apesar de Claire ser argentina, no nosso pais, o nascimento de crianças está longe de ser algo banal. Com a taxa de natalidade em decadência é cada vez mais preciso lembrar os nascimentos que ocorrem. Fotografar, gravar em vídeo, descrever todos os pequenos movimentos e até o choro do bebé. Se as coisas continuarem assim, ver um bebé será cada vez mais raro. E, se por um lado os nascimentos estão a tornar-se acontecimentos esporádicos no nosso pais, a partilha dos mais pequenos acontecimentos quotidianos, - e de grandes momentos como o nascimento de um bebé - é cada vez mais banal.