Perversidade de Tablóide

Quando folheamos um jornal sensacionalista, apercebemo-nos que, juntamente com os títulos em letras garrafais, vem um aprofundamento do assunto do cabeçalho, chama-se corpo da notícia e normalmente é um espaço reservado aos resistentes. Àqueles que não desistiram, que não ficaram pelo lead e que muito menos acharam que todo o conteúdo estaria no título. Mas, com conteúdo ou sem ele, uma coisa é certa, este tipo de jornalismo utiliza algumas figuras de estilo sendo a preferida, pelo que constatei, a hipérbole. Empregue, muitas vezes, logo no título. Apesar de este ser curto e conter o essencial da notícia, para estes jornais tem de haver espaço para exageros falaciosos que tomarão o leitor para o corpo da notícia. O que me acontece é aquilo que só posso descrever como desilusão, na medida em que a notícia vai perdendo o interesse a cada parágrafo lido. Reconhecida tem de ser a sua eficácia uma vez que o Correio da Manhã, não só é o tablóide mais vendido do país, mas o mais vendido de todos os jornais nacionais. Por vezes vê-se que como ridicularizado pela falta de credibilidade, rigor e pelas manchetes tendenciosas. Contudo, é isto que vende, isso é certo e sabido. E resultando esta fórmula, para quê fazer alterações?
Um dos títulos que mais me faz confusão é o seguinte modelo exemplificativo, "Jovem espanca ídolos por 20 euros." Que fique claro, trata-se de um exemplo fictício, mas não longe de um encabeçamento verídico. O essencial aqui é que, na minha opinião, este tipo de títulos são lamentáveis. Passo à explicação. Em primeiro, o que muito provavelmente se passou foi que o sujeito em questão apenas conseguiu essa quantia, não fazendo particular questão de extorquir apenas esse simbólico valor. Agredir por 20€ pode também muito bem ser, um serviço. Serviço esse que é pago. O conceito de "violência gratuita" fica também distorcido. Por outro lado, o título não só dá destaque à ocorrência de uma agressão, mas também ao que o agressor conseguiu com ela. Para além de menosprezar assim a agressão em si, torna justificável qualquer semelhante agressão caso o valor furtado seja justificável. Se é aceitável um título destes, também deveria ser algo como, "Jovem espanca ídolos mas encaixa 20.000 euros." Afinal é o mesmo juízo! E este é apenas um exemplo. Engraçado como comecei por criticar os títulos da imprensa sensacionalista, e como acabei por tirar tanto de um. 

Este tipo de jornalismo é como aqueles restaurantes em que, a comida é má, e ainda por cima serve pouco.