Aldrabar um Puzzle

O maior problema ao montar um puzzle de 1500 peças que, assumo, não é dos maiores que se encontram por ai, são os sábios comentários dos que estão de fora, apenas a assistir. Desenganem-se os que pensavam que o problema residia na dificuldade em encontrar as pequenas peças e conseguir encaixá-las. Olhar para os encaixes da peça, remexer no monte desordenado da caixa e olhar novamente para os encaixes. Separar as peças retas das extremidades para formar a moldura do puzzle. Uma vez que isto de montar um puzzle é moroso para qualquer amador, completamente leigo na matéria, são apresentadas alternativas para que, não fosse isto de montar um puzzle num digno período de tempo, apenas obra de quem resolve um cubo de Rubik em segundos. Ora, o que levaria alguém a tentar acelerar um processo que se quer que tome o tempo que for preciso? Não se sabe. Provavelmente a nossa necessidade de acabar uma tarefa o mais rápido possível. E de aldrabar a sua resolução sempre que folga houver para isso. Quando estamos a ler um livro que nos está a dar um grande gozo ler, queremos lê-lo rapidamente para deslaçar a trama, porém com a noção de que quando acabar não haverá mais para gozar. Um entretenimento que tem, como todos os outros, o objectivo de ocupar o tempo, e ocupá-lo o mais possível e da melhor forma, é aldrabado por nós que constantemente queimamos etapas. É sugerido que, para tornar mais fácil a busca pela única pecinha capaz de encaixar num determinado sítio, todas as peças deveriam estar numeradas no verso. Por cima do cartão azul que forra a peça era de facto preciso uma numeração. De 1 a 1500 numa numeração mais simples, coordenadas tipo batalha naval, em função do formato, uma vez que em regra em cada puzzle existem duas peças exactamente com a mesma forma, admitindo que este último para experts. É curioso como esta sendo uma ideia que tenta facilitar a resolução de um puzzle, acaba por não facilitar muito. Entre procurar uma peça de entre centenas pelo seu aspecto e procurá-la pelo seu número, não sei qual a melhor. Uma coisa é certa, de qualquer das formas o entretenimento estava garantido, deixava de se montar um puzzle e passava-se a jogar uma versão alternativa do bingo. É uma questão de escolher!